Avaliação do risco de queda e da demanda atencional em idosos submetidos a um protocolo cinesioterapêutico de dupla tarefa

Carlos Drummond Alcântara da Silva, Sarah Tarcisia Rebelo Ferreira de Carvalho, Maria Claudia Gonçalves, Cândida Helena Alves, Karla Virginia Bezerra de Castro Soares

Resumo


Introdução: Grande parte das quedas em idosos ocorre ao andar e realizar ações secundárias, pois a dupla tarefa aumenta a demanda atencional e motora necessárias para controle e manutenção do equilíbrio. Objetivo: avaliar os efeitos de um protocolo cinesioterapêutico de dupla tarefa sob o risco de quedas relacionada à mobilidade e o equilíbrio corporal dinâmico e à demanda atencional em idosos. Materiais e métodos: Estudo de intervenção com 40 idosas ingressantes de um programa assistencial ao idoso, submetidos a um protocolo cinesioterapêutico de dupla tarefa envolvendo simultaneamente tarefas motoras e cognitivas por 16 semanas, com duas sessões semanais de 50 minutos. Na coleta de dados, empregou-se o teste Timed Up and Go (TUG Simples) para avaliar o risco de queda e o Timed Up and Go cognitivo (TUG Cognitivo) para avaliar a demanda atencional relacionada ao risco de quedas. Para a análise estatística, utilizou-se o programa SPSS 18.0. Na estatística descritiva, as variáveis foram apresentadas em média, frequência relativa e percentual. Para a análise do efeito do protocolo sobre a capacidade atencional e risco de cair, utilizou-se o teste de Wilcoxon, sendo considerado significativo p<0, 05.Resultados: Quanto ao risco de queda, o tempo médio de execução antes da intervenção foi 23,09 segundos e depois do protocolo,19,73 segundos (p<0,0001). 40 (100%) dos idosos estudados, apresentavam risco moderado de queda antes da intervenção e após o protocolo, 36 idosos (90%), apresentaram baixo risco de queda.  Quanto à capacidade atencional relacionada ao risco de queda, o tempo médio de execução dos testes antes da intervenção foi de 26,87 segundos e depois da intervenção foi de 19,80 segundos (p<0,0001). Antes da aplicação do protocolo, 39 idosos (97,50%) apresentavam alto risco de quedas e após a intervenção, 34 idosos (85%) apresentaram baixo risco de queda. Conclusão: o protocolo de dupla tarefa utilizado diminuiu o risco de queda nos idosos estudados, tanto relacionado ao aspecto da mobilidade funcional isolada, quanto associada ao aspecto cognitivo. Sugere-se, assim, o a adição de exercícios de dupla tarefa na prática clínica e nas práticas de atividades físicas.

 

Palavras-chave: Quedas,Dupla Tarefa,Idosos.


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DOI: https://doi.org/10.24863/rib.v8i1.26

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