Epidemiologia e aspectos imunopatológicos do vírus da imunodeficiência humana (HIV): revisão de literatura

Bruna de Oliveira de Melo, Lilya Xelle de Brito Rodrigues, Joveliane de Melo Monteiro, Mariana Oliveira Arruda, Maria Rosa Quaresma Bomfim

Resumo


O vírus da imunodeficiência humana (HIV) infecta as células do sistema imunológico do indivíduo provocando uma queda progressiva nos linfócitos T CD4+, debilitando progressivamente o sistema imune e deixando-o mais vulnerável a diversas infecções por patógenos oportunistas e ao surgimento de cânceres de etiologia rara. Este estudo de revisão tem como objetivos explorar os dados epidemiológicos e os aspectos imunopatológicos das infecções pelo HIV-1. As buscas de artigos relacionados ao tema foram feitas nos bancos de dados PubMed; Latin American & Caribbean Health Sciences Literature (LILACS); Scientific Electronic Library Online (SciELO); Science Direct; CAPES (Journal Portal databases) e BIREME (Biblioteca Virtual em Saúde). Os resultados demonstraram que as infecções pelo HIV-1 continuam sendo um grave problema de saúde pública mundial, com as maiores taxas de infecção em países do continente africano e outros países com condições socioeconômicas semelhantes. No Brasil, está ocorrendo um aumento no número de infectados na faixa etária de 50 anos ou mais, com um leve declínio na taxa de infectados nas demais faixas etárias. As principais formas de transmissão do HIV são por relação sexual desprotegida, transfusão de sangue e hemoderivados, compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas injetáveis, de mãe para filho durante a gestação, parto e aleitamento materno e, acidentalmente, no ambiente de trabalho, entre profissionais da saúde. A síndrome da imunodeficiência adquirida – AIDS é considerada a última fase da infecção pelo HIV. Entretanto, nos últimos anos, tem sido observado um leve declínio nas taxas de infecção pelo HIV-1, que provavelmente está associada ao sucesso obtido pela terapia com antirretrovirais – drogas que controlam as taxas de replicação do vírus. Contudo, tem sido registrada a ocorrência de resistência clínica aos fármacos que compõem o coquetel de tratamento. Neste sentido, mais estudos são necessários para se ampliar o conhecimento sobre a dinâmica do vírus durante a infecção e interação com as células de defesa humana, a fim de minimizar os efeitos imunopatológicos, bem como para se descobrir potenciais alvos para o desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz.


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